Galiza é descoberta mural por mural: arte, foto e emoção a cada passo
Galiza é descoberta mural por mural: arte, foto e emoção a cada passo

Na Galiza, a arte urbana deixou de ser uma iniciativa local para se tornar uma estratégia cultural com projeção internacional. Cidades como Lugo, Vigo e Santiago, juntamente com municípios mais pequenos como Fene ou Quiroga, estão empenhadas em murais monumentais que ajudam a impulsionar o turismo local, combater a deterioração urbana e dar voz a artistas de renome e emergentes. O que antes eram paredes cinzentas são agora telas vivas, com percursos e festivais que atraem milhares de visitantes todos os anos. A comunidade galega fez da arte urbana uma ferramenta para revitalizar bairros, criar identidade visual e conectar-se emocionalmente com o território. Em Ferrol, o movimento As Meninas de Canido exemplifica o poder transformador de uma iniciativa cidadã: o que começou como uma menina pintada numa fachada em ruínas, é hoje um festival internacional que reúne uma centena de artistas todos os meses de setembro.

Em Carballo, as paredes também contam histórias. Através do Rexenera Fest, poderá visitar zonas como O Chorís ou A Milagrosa seguindo um percurso sinalizado, desfrutando do contraste entre a paisagem urbana e as obras de grande formato. O festival também oferece oportunidades de encontro com artistas e propostas artísticas participativas. Vigo, com os seus percursos da iniciativa Cidade da Cor, propõe passeios alternativos para explorar o centro a partir de outra perspetiva: a do muralismo contemporâneo. A Batalha de Murais, em que vários grafiteiros competem ao vivo e diretamente, acrescenta uma componente lúdica e atrativa para o visitante. Fora dos grandes núcleos, a arte também encontra o seu lugar. Na Ribeira Sacra, o pequeno município de Quiroga desenvolveu a rota "Arte no Ar", uma caminhada de 1,5 km onde murais, esculturas e bancos temáticos prestam homenagem à terra e aos seus produtos. A Fene, no estuário de Ferrol, alcançou projeção internacional graças a obras como O Violoncelista, de Sfhir, e O Charanguista Andino, de Cristóbal Persona, ambos escolhidos como os melhores murais do mundo pela plataforma Street Art Cities em 2023 e 2024.

Assim, a arte urbana na Galiza revela-se não só como um recurso estético, mas como uma nova forma de explorar, habitar e reinterpretar o património cultural da rua: direto, emocional e vivo.